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De fato a ventura não mora em mim

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Eu sou um poço de amargura Um ser beirando a insanidade, algo sem cura Dizem: “coisas simples, diversão sublime; a felicidade mora nas pequenas coisas” Então, sendo assim, eu sou muito grande Um cego à graça da vida Nem se dono de toda riqueza eu fosse Há escassez de gana Nulo desejo para sorrir à vida É tudo ilusório, falso Tal qual no deserto caminhar Com tudo o que ele representa Mas delirar, banhando-se num lago à sombra, no conforto destinado aos reis Se é assim num deserto de areia o mesmo se dá nos gélidos alpes Lá de cima, onde tudo é cinzento e congelante Iria uma miragem me aterrissar num belo campo Em algum lugar ensolarado, na mata, regado de flores Mas nunca, de fato, estarei num lugar assim Onde eu realmente quero estar, sem quimera Não! Estou sempre no oposto, na contramão Então por que não dirigir no fluxo? Não seguir em boa direção? Nada que se deseja, se faz corretamente estando, seja quem for, privado da razão

A (re)negação

Após algumas leituras de autores como Fiodor Dostoiévski, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, tentei expor, no papel, É CLARO, algumas coisas que me impressionaram, alguns temas tratados por estes estudiosos, filósofos, de maneira tão normal. O extremo, ou alguma coisa que simulasse a dor maior ou qualquer ameaça à vida não é nenhuma leitura agradável ou de se louvar. (Apesar de ainda eu entender coisas do tipo. Pois, para mim, arte não está empregada só em flores e céu azulados com lindo Sol, sorrisos e leveza). De fato é muito estranho desejar a auto-destruição. O desejo de acabar consigo mesmo, ou com sua própria essência, é insano demais. Mas isso acontece e são atitudes que levam a outras ilustres pessoas a se dedicarem, às vezes, a vida toda, estudando tais atos a fim de elucidar a população, aos demais, e também tentar de uma forma diminuir isso. (Na verdade o homem quer sempre vencer a morte, quer burlá-la, tornar-se Deus. "Trágico, se não fosse cômico")

Além do inferno de Dante

Queria que o inferno de Dante fosse real Mas será que não é de fato? (Assim como existe um céu chato) Se ele realmente existe Logo terá quem o visite Eu sou humano Humano é imperfeito Humano cria e também mata Mulheres e homens têm defeitos Há arma de fogo, veneno e faca Não matamos somente a nós mesmos O abstrato também some em nossas mãos Destrói-se tudo, até o que não existe Temos o poder de mudar as coisas A felicidade em tristeza O quente em frieza O oprimido em opressor Transformamos também A vida em morte O lento em pressa O amor em sorte E vice-versa Eu torço para que chegue um dia E que transformemo-nos em diabo No inferno sintamos o calor o fedor, o horror, o revés ao nosso lado A humanidade falhou, definitivamente Única coisa a ser feita foi esquecida Desde a sedução lançada pela serpente Neste mundo, amar, parece obra de suicida É difícil, penoso, gostar do próximo Ter apreço e afeição é doloroso É mais f

Jazz

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O ambiente sereno se torna Ao suave som aprazível que domina A mente voa madrugada afora Apesar do frio a música é o clima As madrugadas são as melhores Ela produz um prazeroso silêncio profundo O tenro sereno é quem me acolhe Momento em que me desligo do mundo Nessas noites sou mais atrativo Apesar do meu coração cativo Preso às platônicas paixões Ainda assim sinto-me vivo Nesta atmosfera não existe riqueza Muito menos pobreza Também não há vida, porque não há morte Sublimemente há apenas uma natureza Voando alto ou rés Batendo asas ou com os pés É inexplicável como um gosto musical É atraente e sutil como música de Jazz Algo que não se pode explicar Muitos podem dizer que é Deus Nota-se que é tão simples e peculiar Tão real e próximo ao que é meu 

Com o temer...

O pavor venceu a esperança O surto faz parte do improviso O que será dos idosos e das crianças Num mundo onde não há mais sorriso? O que devemos temer? A noite escura? O novo amanhecer? É depressão ou tudo frescura? O que nos preocupa? A ansiedade, a loucura? Em quem pôr a culpa? No vírus ou não remédio que não cura? O verdadeiro malfeitor sorri Nao conseguem achá-lo O coração há de partir A verdade escoa pelo ralo Quem está preso é livre E quem está na rua detento é O primeiro sabe mais que o detetive O segundo vive de correntes no pé O individualismo no solo pisa firme Esmaga povos e seus frutos Nao é ficção, nem novela ou filme É a triste realidade dos brutos Não dê tiros, dê flores Não grite, recite amores Pense no próximo antes de ti Evite gerar grandes dores Pensemos assim antes de confirmar Reflitamos antes de a "tecla verde" apertar O que será, amanhã, de ti e de mim Se o que tememos, passamos a vo

Pobre rico amor

Eu queria lhe dar tudo Jóias, carros, iates, mansões Por você morreria, mudaria o mundo Mas nada posso além de algumas palavras e canções Elas brilham mais que diamantes Que o ouro valem muito mais Eis o mais perfeitos dos amantes Um pobre e sonhador rapaz É como uma estrela o meu amor Por ti irradia intensa luz e calor Um brilho que vive mesmo após seu fim Depois de anos e anos de esplendor

Quando ele vem...

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Quando vem, é de mansinho Vem de longe, sem avisar Tapando o Sol, redemoinhos Está na hora do frio se instalar Flocos de neve Manto de nuvem, friagem Dia cinza muito breve Noite longa, sem estiagem Do alto da montanha há uma prévia Chega devagar, da o tom, anuncia Mesmo a noite vê-se sua névoa O frio traz sua fantasia O frio, a chuva, esse clima Gotas na janela, alta umidade A serra manda o recado lá de cima Banhando de prata toda a cidade No inverno nada pode ser diferente A temperatura cai carentes ficamos Ansiamos sempre por um corpo quente Que esta estação perdure por anos e anos

A plenos pulmões, em plena madrugada

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O que é uma madrugada silenciosa, leve, fresca e com um único e solitário canto de um bem-te-vi? Sim, o pássaro, ou não dorme, ou acorda em plena madrugada e seu canto de longe há de se ouvir O céu é de inverno, porém estrelado e com uma iluminada Lua cheia Sua luz, que bate na terra fresca, na grama úmida, brilha no asfalto e às mentes mais loucas, clareia Uma madrugada tão singular Uma pena (ou muitas penas) ela tão pouco durar Mas as madrugadas se repetem Há nas folhas, orvalhos onde as mesmas luzes refletem As estrelas são as mesmas, o céu e também a Lua Toda terra fresca, a grama úmida, a paisagem, a rua Nada muda, é tudo um ciclo Desde o mais sensato ao mais ridículo São assim as madrugadas Feitas para chorar ou para rir Na cama, corpo coberto e cabeça deitada Sejam em silêncio ou com o canto do bem-te-vi

Nem sei

Nem sei Outro dia eu li “Nasceu com dom pra ser bandido” Não sei se é para chorar ou para rir Pois ninguém nasce dotes pré definidos E mesmo que isso ocorra Um recém nascido não vai querer não vai escolher ser ladrão, porra E sim um melhor caminho a viver Mas por que se comete tanto crime? Jovens e adolescentes estragando tudo? Será que é por causa desse regime? Ou apenas por falta de estudo? A população não quer educar dá trabalho e cansa O Estado prefere remediar liberando a matança Morre vítima, morre réu Morre a sociedade toda Quem vai ao inferno, ou ao céu? Ou à Sodoma e Gomorra? Vamos “enxugar gelo” É um bom entretenimento Ao linchamento precisamos de um apelo Vamos seguir nesse contínuo movimento Hoje faz-se justiça com as próprias mãos Amanhã sai como herói na notícia Mas descobre-se que o justo era ladrão E que o suspeito na verdade era a vítima Julgar, não devemos Condenar, muito menos Podemos viver em harmonia Percebam o quanto já s