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A plenos pulmões, em plena madrugada

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O que é uma madrugada silenciosa, leve, fresca e com um único e solitário canto de um bem-te-vi? Sim, o pássaro, ou não dorme, ou acorda em plena madrugada e seu canto de longe há de se ouvir O céu é de inverno, porém estrelado e com uma iluminada Lua cheia Sua luz, que bate na terra fresca, na grama úmida, brilha no asfalto e às mentes mais loucas, clareia Uma madrugada tão singular Uma pena (ou muitas penas) ela tão pouco durar Mas as madrugadas se repetem Há nas folhas, orvalhos onde as mesmas luzes refletem As estrelas são as mesmas, o céu e também a Lua Toda terra fresca, a grama úmida, a paisagem, a rua Nada muda, é tudo um ciclo Desde o mais sensato ao mais ridículo São assim as madrugadas Feitas para chorar ou para rir Na cama, corpo coberto e cabeça deitada Sejam em silêncio ou com o canto do bem-te-vi

Nem sei

Nem sei Outro dia eu li “Nasceu com dom pra ser bandido” Não sei se é para chorar ou para rir Pois ninguém nasce dotes pré definidos E mesmo que isso ocorra Um recém nascido não vai querer não vai escolher ser ladrão, porra E sim um melhor caminho a viver Mas por que se comete tanto crime? Jovens e adolescentes estragando tudo? Será que é por causa desse regime? Ou apenas por falta de estudo? A população não quer educar dá trabalho e cansa O Estado prefere remediar liberando a matança Morre vítima, morre réu Morre a sociedade toda Quem vai ao inferno, ou ao céu? Ou à Sodoma e Gomorra? Vamos “enxugar gelo” É um bom entretenimento Ao linchamento precisamos de um apelo Vamos seguir nesse contínuo movimento Hoje faz-se justiça com as próprias mãos Amanhã sai como herói na notícia Mas descobre-se que o justo era ladrão E que o suspeito na verdade era a vítima Julgar, não devemos Condenar, muito menos Podemos viver em harmonia Percebam o quanto já s

É como água da fonte

Não se precisa de olhos para enxergar Nem de boca para falar Apenas o corpo para sentir Quando o coração mandar O sofrimento é certo Mas dele dá para fugir O amor está bem perto É como saciar a sede com um elixir É certa também a felicidade Devemos sempre disso lembrar Não importando nossa idade Um dia ela irá também chegar É como água que vem da fonte Erga a cabeça e olhe no horizonte

É melhor nada saber

O que eu aprendi? Não sei! E acabei de esquecer Nem adianta o pensamento polir e nem tentar de novo aprender Não quero mais voltar O caminho é reto, sem trevos Para frente vou caminhar Aprender tais coisas me dá nos nervos Esse aprendizado não liberta pelo contrário aprisiona Depois que você faz a descoberta Lágrimas você coleciona Na verdade você aprende a aprender É uma certa excelência à ignorância E quanto mais disso você esquecer Mais tua vida terá importância A liberdade é quase que impossível Nos aprisiona o nosso mundo Um conselho: faça-te de burro passível que serás rei num segundo Conheça-te a ti mesmo Saiba tu que nada sabes Já dizia um filósofo grego E use somente o que lhe cabe Afinal, o que eu aprendi? Não sei. Me esqueci Não quero saber e nem me lembrar o que vivi

Alguém em algum lugar

Não foi o mais longe que já consegui Outrora cheguei ao outro lado do mundo Esta foi uma longa viagem com tudo o que vi Foi como um mergulho em mar profundo Ah, que calma! Ah, que beleza! Ah, a sua alma Ah, a sua clareza Nunca senti aquele frio Me tornei fã daquele clima Buzinas sem darem um pio Todos numa adorável rotina Os largos e retos caminhos, terminavam em algum paraíso Como pássaros em seus ninhos, num lugar onde voar é preciso As companhias agradabilíssimas Aprendi com todos, as suas histórias De Osho, ditaduras, até aos comunistas Dos dias difíceis e também os de glórias Nunca falei tanto Nem havia ouvido tanto também Falei até em Esperanto Diálogos que foram muito além No final um mestre falou por alguns minutos Todos estavam ali para vê-lo, dedicados Um líder que conquistou o coração de muitos Exceto daqueles que o querem crucificado Se você fala de paz, você gera a guerra Se você declara guerra, paz

Psiu! Silêncio! E não se mexa.

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... ... Você consegue? Claro! É fácil! É só a boca fechar Mas não é só isso Difícil é a mente “calar” Agora… Quieto! Imóvel! … ... ... Conseguiu tal proeza? Fácil parece também Controlar-se é um bem Problema é quando não conseguimos. Da inércia, fugimos À mente, mentimos Ao espírito, enganamos O ficar, fugir O fugir, voltar Nunca estaremos parados E assim se mantém nossa mente de galho em galho sempre Já dizia Heráclito ou Hermes? Ou Frida? “Tudo se move” Também Galileo, arriscando sua vida: “Eppur si muove” De lá pra cá, aqui ou lá Perceba quanta coisa se mexeu Alguém morreu, outro nasceu Quanta coisa mudou Ontem uma criança, hoje avô O tempo não pára O atleta, uma flecha O monge, uma rocha Ambos envelhecem Os olhos se abrem, o mundo à frente Pássaros voaram, o Sol despontou Lábios se tocam, algo se sente Um belo beijo, à paixão despertou? No mar, ondas se chocam No ar, a brisa leva embora Gritos que ecoam sons que vêm de outrora Tudo

Rio de janeiro à dezembro

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A cidade do Rio de Janeiro Ah! Cidade… De anjos e demônios és o celeiro Como Paris, ora é tão romântica, apaixonante Ora é tão horrível quanto o inferno de Dante Contudo ainda é completamente bela A beleza de sua própria natureza A coragem e a humildade nas suas favelas Jaz aqui o sangue da nobreza Realmente uma cidade maravilhosa O pôr do sol, parecendo tocar o mar Se esconde rapidinho, deixando saudades fazendo estrelas brilhar É o céu mais encantado Vem o alvorecer e pinta o Rio de dourado suas avenidas, seus morros, cada lar O azul mais azul, no horizonte mescla-se com o verde mais verde que brota da sua mais viva fonte Da Ponte mais simpática ve-se o espelho que a tudo reflete Desde a mais pesada sujeira A um senhor de braços abertos, inerte Mas calma! Por nós ele olha sim Para o pobre, para o nobre Para quem usa seda, ou quem usa cetim Nós é que para Ele não olhamos muito Os esquecemos por completo Pois aqui não se pára

O violoncelo

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Era uma música Em tom menor, enormemente compassada  Rolava, em minha consciência, suavemente Ora doce, ora muito pesada Análogo a uma pessoa caminhando vagarosamente dando largos passos num caminho enevoado desviando aqui e ali de trevos e do chão empoçado Sua intensidade era agradável Os graves imponentes Os médios envolventes  e os agudos instigantes Era um instrumento só Algo, ou alguém fazendo uma apresentação Um anjo solista, ou o mal em auto compaixão? Seu timbre era capaz de elevar Tirar alguém do solo, literalmente Apesar dos imponentes graves, a melodia era leve Transformava tudo num cenário normal Apesar da paisagem cinza, inerte a natureza, o clima, tudo era frugal Um majestoso instrumento As cordas vibravam O arco por elas passava A cada movimento meu submetido pensamento  na neblina se mesclava Sua caixa acústica recitava notas solenes Meus olhos marejavam lágrimas perenes Um dia que nunca tive Uma caminho que nunca percorri Uma música qu

Sentir na carne

A sociedade está doente Desde a cabeça até os pés Há feridos, moribundos e carentes Tomam desde Rivotril até Dorflex A longo prazo quimioterapia se faz Consumindo remédios, fumaça e alimentos O podre e vil, no corpo jaz E mais incrível é o seu contentamento Ácido, monóxido, sódio e até papelão Morfina, cocaína, dopamina, glúten, zarcão A sociedade crê estar saudável pois é... Mas só que não Nao é só a carne, refrigerante ou cigarro Há um distúrbio em tudo, é claro Ovos, frutas, verduras e legumes também possuem veneno, agrotóxicos e até catarro Uma dupla domina as mentes: A mídia aliada à cultura industrial Estão nas sepulturas​ presentes dos que carne consome ou vegetal Consumir carnes, ovos, verduras ou legumes O fator sociocultural deve ser lembrado Pratos cheios​ ricos e pobres pratos sem volume Há quem diga, em Hollywood ou no “rato molhado" Até a água vem a ameaçar Bebe-se coliformes, “volume morto” O pior de tudo,

Terror

Viver longos dias na escuridão é extremamente horrível, para quem já não possui mais seu corpo físico e suas propriedades, que é meu caso. Agora imagine similar dado a um humano? Doloroso, nefasto, eu sei. Fiquei sem falar durante muito tempo, nem muito menos ouvir nada. Até meu próprio pensamento as vezes era como se apagasse, como se um vácuo surgisse de repente e apagasse tudo. Era assim... Eu, somente eu, no completo escuro, na completa solidão quando me dei conta dessa minha atual situação. Até hoje estou assim… Minha consciência se dividiu em partes que não consigo mais juntar.  Quando tento, não sei o que passou, se horas, um dia, ou meses. No começo eu chorava, me agonizava, sorria de loucura, fingia estar bem, amedrontava-me, enfim... que terror! O eterno terror. Hoje, dotado com um pouco mais de razão, sofro menos. O escuro é pesado. Ele não deixa você pensar, raciocinar, sorrir, nem chorar. A gente quer fugir, mas acaba ficando preso, porque aqui - e na verdade não sei

Eternamente...

Olha meu jovem, Um belo dia a idade “me pegou”. Havia chegado o tão esperado e pavoroso momento. Pavoroso, porque, ninguém trata esse assunto com esperança ou positividade. Já eu, não vejo-o desta forma. Então, eu estava bem, era um dia qualquer na terra onde pulsa os corações - e me levantei da cama. A alvorada estava despontando e me direcionei ao meu acalentador quintal, com meu pequeno e colorido jardim. Onde os pássaros voam baixo e onde minhas galinhas convivem conosco em seus espaços.  Vinha por aí, então, uma manhã tranquila e fresca. Começou a sair um belo Sol onde tudo brilhava ao ser tocado por ele. Já sentado na minha cadeirinha, no meu quintal dos fundos de casa, eu apreciava minha pequena horta, as aves e o amanhecer; minhas pequenas árvores, que eu e minha mulher plantamos; as galinhas já cochichando, o meu cãozinho estava quieto me olhando abanando o rabo querendo brincar; tudo estava tão quieto: pássaros já ensaiavam as primeiras notas de seus cantos… Pois bem,

A guerra eterna...

Eu estava dividido. De um lado meus aliados. Do outro os meus inimigos. Mas ora meus aliados poderiam me matar, caso eu me enfurnasse no abrigo. Eu estava na guerra mas não queria lutar. Não queria dar um tiro não queria morrer e nem matar. Só que, ou eu matava, ou eu morria.  Eu tinha que ir em frente. O inimigo matar. Ou seria morto pelos próprios colegas de farda. Caso eu quisesse da guerra voltar  (Essa é a lei dos cães de guerra: “atacar!!! se voltar, eu mesmo te mato”) Eu lutava por uma potência bélica Alemanha Nazista O exército mais temido da época Mas eu não queria estar ali, de verdade. Eu queria meu lar, o campo; Estar com minha família; Apreciar o Sol se pondo... Pois o que eu vi na guerra foi somente sangue. Não há nada de belo na guerra. Nem a sua conquista é bela; Pois quando se olha para trás, Se vê um rastro de sangue, Corpos, escombros e nada mais. Na guerra, o vermelho e o verde-oliva se combinam; as flores exal